MIGUEL GUSTAVO TORRES
O juramento de Hipócrates garantiu uma prática humana da
medicina e o vosso juramento de servir à pátria e aos seus interesses
permanentes é a virtude divina que carregais em vossos corações. Os ímpios e corruptos
sempre conseguiram se infiltrar nas hostes do bem para fazer o mal e destruir.
O novo chanceler do Brasil, o culto e erudito Ernesto
Araújo, fala em alinhamento direto da diplomacia do Brasil com o seu povo. Não
sabemos que povo é esse. Será que é o povo de Deus que atravessou o deserto por
40 anos sob o comando político de Moisés, que dominou todas suas rebeliões e
fez o filho sacerdote, para não ser derrubado pelas conspirações do sumo
sacerdote, que só pensava em ganhar carneiros e acumular ouro? Ou será o povo
brasileiro que vive, ao lado da Índia, nas maiores favelas urbanas do planeta
terra?
A Rocinha, lembro, pediu saneamento básico aos
governantes do Rio e recebeu uma olimpíada para se divertir. Mas os chefes de
templos cariocas repartiram os lucros com suas bancadas políticas. A Índia é a
campeã universal dos favelados. Nós temos o segundo lugar, a medalha de Prata.
A diferença é que a Índia já é uma potência industrial,
militar, cientifica e tecnológica pujante, e nós fomos enquadrados pelas
potencias mundiais a permanecer na agricultura, e dela não sair.
Portanto, as previsões feitas pela ESG na década de
setenta do século passado, de que seríamos uma Belíndia no final do século XX,
não se concretizaram. Não chegamos a ser nem uma Bélgica e muito menos uma
potência nuclear e espacial como a Índia dos nossos dias. Somos um produtivo
campo agrícola e uma monstruosa favela urbana dissolvidos numa geleia geral da
ignorância e de doenças crônicas.
Enquanto as mulheres brasileiras parem no chão imundo de
hospitais abandonados pelos traidores de Hipócrates, as bestas do apocalipse
discutem se vestimos azul ou cor de rosa.
A minha geração, Senhor Ministro, trabalhou com afinco e
dedicação à pátria para construir um Brasil justo e desenvolvido. Conseguiu
abarcar o mundo com uma diplomacia reconhecida universalmente. Trouxe dinheiro,
educação, ciência, cultura, tecnologia, e estabeleceu parcerias estratégicas
com os Estados Unidos, Alemanha e China.
Se fomos ocupados, em determinado momento, por uma legião
de hipócritas carreiristas, que venderam a alma ao diabo em troca de promoções
e postos de luxo, para servir a um projeto partidário momentâneo de poder, digo
a Vossa Excelência que o oposto do oposto é o igual ao igual.
Peça ao seu colega nomeado para a assessoria
internacional da Presidência da República para fazer o concurso para a carreira
diplomática. Se passar, integre-o à carreira de estado à qual o Senhor
pertence. Não deixe se repetir a nefasta atuação do Professor Marco Aurélio
Garcia, que servia ao PT e não ao Brasil. Não toque fogo em sua própria casa.
Quando Ministro-Conselheiro em Havana, no auge do poder
petista, e com um chefe membro do partido dos trabalhadores, proibi terminantemente
reuniões políticas na Embaixada. Com argumentos de bom senso convenci a minha
chefia de que a Embaixada era do Brasil e não do PT. O Secretário de Relações
Internacionais do PT, que frequentava regularmente Havana, foi fazer suas
reuniões partidárias com o Partido Comunista de Cuba, em outro lugar, que
desconheço.
Não participe da destruição de sua Casa. Triste ver
chanceleres de 13 países inexpressivos serem comandados por teleconferência
desde Washington, com um capataz canadense ao lado. Os Estados Unidos, senhor
Chanceler, é quem mantém viva a ditadura de Maduro comprando o seu petróleo, da
mesma maneira que mantém viva e operante a monarquia sanguinária e ditatorial
da Arábia Saudita.
Não é em cada cem anos que o Brasil tem a sorte de ter um
Chefe militar com as qualidades morais, patrióticas, democráticas e a força
física e espiritual do General Villas Boas. Corremos o sério risco de uma
politização em nossas forças armadas. Não será uma divisão da guerra fria,
entre esquerda e direita. Será, e Deus queira que não aconteça, uma divisão
entre nacionalistas e entreguistas.
Muitos não aceitarão sair das garras dos serviços de
inteligência de Cuba para cair nas garras dos serviços de inteligência dos
Estados Unidos e de Israel. Preste atenção no que está acontecendo na Alemanha
de Ângela Merkel. Quem está interessado em destruir o Itamaraty?, é a pergunta
que se faz nos corredores de sua Casa.
Miguel Gustavo de Paiva Torres é diplomata.

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