segunda-feira, 4 de março de 2019

O Amor não morre: é eterno...



Uma crônica de amor

O Cavilda

(04 / 03 / 2019)

Eu sou O CAVILDA, amigo do Hélcio!

Estou de férias, andando pela cidade; mas já vivi aqui em outros tempos. 

Escrevo no blog do Hélcio, contando histórias daqui, e do além daqui!

1954, um ano marcante na cidade! Todos os anos são marcantes nesta cidade do Rei Sebastião. Jovens se enamoravam, muitos só com os olhos. 

Envergonhados, os jovens temiam cantar a moça amada! Medo do "não".

A pergunta - Quer namorar comigo? - vinha sempre com muito respeito e medo de receber um "não". 

Emocionava esperança e incerteza!

Um conflito mexendo com os corações!

Josias era vizinho de Amélia. Ele, liceista; ela, normalista: ambos separados pelo muro da vírgula, com medo! Nunca trocavam palavras, só olhares.

Ele temia dar-lhe um bom dia, dizer “eu te amo” - morria de medo! E ela - se recebesse o “ eu te amo” dele - desmaiaria.

Um dia, o Josias foi informado de que Amélia estava com dificuldades na matemática, e a prova já marcada para sexta-feira – faltando dois dias para a tal-dita-cuja prova.

Rapaz de 16 anos, Josias pensou com todos os seus neurônios. Chamou sua irmã Joelma de 14 anos e pediu que ela fosse à casa de dona Rita (mãe da Amélia) perguntar se Amelinha aceitava umas aulas de matemática de seu irmão Josias.

Dona Rita já sabia – por informações - de que Josias era bom de matemática... E logo chamou Amelinha...

- Amelinha! Vem cá, filha... O Josias vem aqui te ensinar matemática: Ele é bom de matemática!

Amelinha ficou gelada, e quase sem voz... Mas, fazer o quê? A palavra da mãe era uma ordem, acima do amor!

Marcada a hora da aula para o dia seguinte. 

Josias se aprontou com a melhor beca e saiu perfumado para a casa da Amélia, que também o aguardava com uma roupinha bem elegante e agradável...

Sentaram-se à mesa de madeira polida, um à frente do outro – evitando os olhares diretos...

Amélia começou:

- Josias, eu sei quase tudo do programa da prova, só não entra na minha cabeça a regra de três. Não sei regra de três...

Josias parece entrar em meditação sentimental e pensou, com os olhos fechados... ***Por que não regra de dois?***

Amélia mostrou-se preocupada em vê-lo de olhos fechados, e perguntou?

- O que foi, Josias? Alguma coisa errada?

- Foi nada. Vamos começar. Regra de três é fácil. Basta prestar atenção...

Com paciência, Josias foi ensinando e repetindo exercícios; até Amélia aprender de verdade...

Na despedida (acredita-se), por impulso, as mãos de Josias tocam nas mãos de Amélia... Ele fica branco como nuvens de algodão; e ela, vermelha como pitanga madura...  Nada falam... Olham-se apenas! Os olhos namoram-se e escrevem para o Universo a história de um grande amor...

Dois dias depois, Josias é atropelado e morre...   

(Essa história não acabou, continua em outra dimensão; porque o amor, quando de verdade, não morre: é eterno).

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