quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Falando de ingratidão - texto/crônica do Momento Espírita de hoje


Falando de ingratidão

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É comum ouvirmos falar de ingratidão. Existem amigos que, depois de largo tempo, se voltam contra quem lhes abriu o coração e o lar.

Basta uma pequena contrariedade, uma questão política, um ponto de vista diferente para determinar a quebra de confiança.

Tudo é jogado no esquecimento: os benefícios recebidos, os abraços, as alegrias compartilhadas.

Esse tipo de comportamento demonstra como ainda necessitamos crescer para nos considerarmos verdadeiros participantes da Humanidade.

Recordamos de uma antiga lenda judia que fala de um homem condenado à morte por apedrejamento.

Os carrascos lhe jogaram grandes pedras. O réu suportou o terrível castigo em silêncio. Na sua condição, compreendia que a desgraça havia caído sobre ele e que seus gritos de nada serviriam.

Então, passou por ali um homem que havia sido seu amigo. Pegou uma pequena pedra e atirou na direção do condenado.

O pobre condenado, atingido pela diminuta pedra, deu um grito estridente.

O rei, que a tudo assistia, ordenou que um de seus servos perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pequena pedra, depois de haver suportado as grandes, sem nenhuma reclamação.

O condenado respondeu: As pedras grandes foram atiradas por homens que não me conhecem. Por isso me calei. Mas o pequeno seixo foi jogado por um homem que foi meu companheiro e amigo.

Lembrei de sua amizade nos tempos de minha felicidade. E agora vi sua felicidade quando me encontro na desgraça.

O rei compadeceu-se e ordenou que o pusessem em liberdade, dizendo que mais culpado do que ele era aquele que abandonava o amigo no infortúnio.

*   *   *

A lenda nos dá a nota do quanto dói a ingratidão de um amigo. Naturalmente, quanto mais estimamos e confiamos em alguém, mais nos atormentará a sua traição. A sua ingratidão.

É importante, pois, que examinemos nossas próprias ações, observando se não somos ingratos. Em especial com aqueles que estenderam a preciosidade da sua amizade, por longos e longos anos.

Não sejam as notas distantes de algumas rusgas que nos permitam agredir, de forma cruel, os que ontem nos sustentaram nas lutas.

Soubemos, há poucos dias, de uma aluna que, depois de ter recebido do seu mestre todo o apoio, em forma de ensino, livros, oportunidades de estágio, decidiu estabelecer uma questão judicial.

Esquecida dos muitos benefícios, das inúmeras horas de dedicação do antigo mestre, depois de um desentendimento, resolveu requerer vultosa quantia como pagamento pelas horas de trabalho ao lado dele.

Olvidou o aprendizado, do quanto lhe devia por sua própria formação profissional. E mais: de quantas portas, graças à fama dele e experiência, se haviam aberto para ela.

Ingratidão. Sentimento que somente floresce nos corações enfermiços.

Moléstia do caráter que requer o remédio da compaixão.

*   *   *

Se alguém te retribui com a ingratidão o bem que doaste, não te entristeças.

É melhor receber a ingratidão do que exercê-la em relação ao próximo.

Redação do Momento Espírita, com base na lenda judia Os amigos, do livro Lendas, fábulas e apólogos, coleção Antologia da literatura mundial, v. 4, ed. Logos e no verbete Ingratidão, do livro Repositório de sabedoria, v. II, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 6.2.2025


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