IMPOSSÍVEL NÃO PENSAR EM 2018 OU ANTES
O acirramento de acusações, delações e denúncias sobre
corrupção envolvendo governo, partidos, Congresso, estatais e
empreiteiras, tem provocado uma série de
efeitos colaterais ao escândalo. O maior deles é a antecipação da sucessão presidencial
de 2018 ou mesmo antes. Não faria sentido discutir-se a questão quando nem um
ano transcorreu da reeleição de Dilma Rousseff, mas diante de
um futuro no mínimo incerto, não há quem deixe de especular a respeito.
Primeiro, surge a situação de Madame. Sobre sua cabeça
encontra-se uma espada de Dâmocles. Se o Tribunal de Contas da União rejeitar
suas contas ou se o Tribunal Superior
Eleitoral concluir que correu dinheiro podre na
recente campanha do PT, mais se
aproximará do palácio do Planalto a sombra do impeachment, sem falar nos doze
pedidos já protocolados por setores da oposição junto à mesa onde hoje despacha
o desafeto Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Há quem arrisque palpite numa eventual renúncia da presidente, se as
coisas piorarem. Apenas num caso,
pendente da decisão do TSE, o
vice-presidente Michel Temer deixaria de assumir. Nos demais,
conforme a Constituição, o lugar seria dele até o final do mandato.
Supondo-se que nada aconteça de cirúrgico, porém, o quadro
para 2018 parece outro do que seria em condições normais. O PMDB já se definiu,
até pela palavra de Temer, que terá
candidato próprio. Vai-se desfazendo a aliança do partido com o PT, mesmo se os
companheiros lançarem o Lula, hipótese cada vez mais problemática,
como as recentes pesquisas de opinião vem revelando. Nas
variadas simulações, o
ex-presidente perde longe para Aécio
Neves e perto para Geraldo Alckmin e José Serra. Claro que ainda é a maior liderança petista e poderá
recuperar-se, mas garantir, ninguém garante. As bancadas e os governadores do
PT não estimulam a procura de outras hipóteses. Anda na baixa Aloísio
Mercadante, que parecia uma delas. Jacques Wagner, só se quebrar os limites da Bahia. Tarso
Genro, sem ser ministro?
De quem então, o PMDB dispõe? Na pole-position surge Michel Temer,
desconhecido de boa parte da opinião pública.
Até a semana passada muita gente apostava em Eduardo Cunha, em curva ascendente ao controlar a Câmara dos
Deputados e criar problemas para o palácio do Planalto. Hoje não é bem assim,
tendo em vista seu suposto envolvimento
no escândalo da Petrobras. Trata-se de
uma incógnita a progressão do parlamentar, apesar de no caso de Dilma e Temer serem afastados, a ele caberá ocupar
por noventa dias a chefia do Executivo, convocando novas eleições na primeira
metade do mandato presidencial em curso
ou conduzindo a escolha no Congresso, nos dois anos finais. Nessa hora, poderia ressurgir como solução
interna.
Não param aqui as ilações cada vez mais frequentes. Porque
no caso de eleições diretas, para completar o mandato de Dilma ou para o próximo período, emerge o PSDB, com os
tucanos por enquanto voando em céu de brigadeiro. Aécio Neves vai bem na
frente, mas quando sobrevoar São Paulo, fatalmente será arcabuzado. O
governador Geraldo Alckmin não venderá fácil a primazia para Minas, outra vez.
José Serra observa, até diante de uma inusitada transferência para o PMDB.
Aventuras não faltarão, como já não faltam. O senador Ronaldo Caiado encilha seu cavalo
branco, pelo PP. Os partidos de aluguel, salvados do incêndio da reforma
política que pouco queimou, preparam os mesmos de sempre.
Em suma, eis um tema que não deveria ocupar senão as preocupações dos desocupados,
mas já transita pelos gabinetes dos partidos.
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