Muito se tem debatido sobre a maioridade penal chegar aos 16
anos. Isso me levou a fazer uma grande pesquisa na internet para saber o básico
das reações infantis, muito antes dessa idade limite discutida penalmente.
E cheguei a uma pesquisa muito interessante, publicada no
site da Hypescience, esta, compartilhada agora:
"Segundo a mais recente pesquisa, crianças pequenas
preferem devolver itens perdidos aos seus legítimos proprietários, do que
pegá-los para si. Se por algum motivo devolver não for uma opção, as crianças
ainda tentam impedir uma terceira pessoa de tomar aquilo que não pertence a
ela. Além do mais, crianças de três e cinco anos de idade são propensas a
responder às necessidades de um outro indivíduo – mesmo quando essa pessoa é um
boneco – como se fossem as suas próprias necessidades," escreve em artigo
bem elaborado a jornalista Natasha
Romanzoti, 25 anos. E cita mais sobre a pesquisa:
“A principal implicação é que a preocupação com os outros –
empatia, por exemplo – é um componente central de um senso de justiça”, diz
Keith Jensen, da Universidade de Manchester (Reino Unido). “Esse senso de
justiça baseado no dano às vítimas é provavelmente central para a
prosocialidade humana, bem como a punição, ambas as quais formam a base da
cooperação exclusivamente humana”.
Para descobrir o que motiva um senso de justiça em crianças
pequenas, Jensen, ao lado de Katrin Riedl e outros colegas, deram oportunidade
a crianças de três e cinco anos de idade no Instituto Max Planck em Leipzig, na
Alemanha, de pegar para si itens de um fantoche que os tinha “tomado” de outro
fantoche. As crianças eram tão propensas a intervir em nome do fantoche
“vítima” como eram por si próprias. Quando dada uma gama de opções, crianças de
três anos preferiram devolver um item do que pegá-lo. “Parece que um senso de
justiça centrada no dano causado às vítimas emerge cedo na infância”, afirmam
os pesquisadores.
Os resultados destacam o valor de intervenções de terceiros
para a cooperação humana. Eles também podem servir para ajudar pais e
professores de crianças pré-escolares.
“A mensagem é que as crianças pré-escolares são sensíveis a
atos que prejudicam os outros. Dada uma escolha, elas preferem restaurar as
coisas para ajudar a vítima do que punir o autor”, explica Jensen. “Ao invés de
punir as crianças por más ações ou discutir as más ações dos outros em formas
punitivas ou focadas no agressor, as crianças podem entender melhor a
restauração como a solução de um dano causado a uma vítima”. Desta forma,
segundo a mesma conclusão a que chegou a autora do texto publicado na Hypescience,
mesmo as crianças tendo uma reputação de serem teimosas e egoístas, "a
ciência mostrou que não é bem assim", diante dessa pesquisa inédita. Ou
seja, "a partir dos três anos, elas já possuem um nível surpreendente de
preocupação pelos outros e um senso intuitivo de justiça."
Natasha Romanzoti, então, complementa: Na sociedade humana,
a cooperação é muitas vezes incentivada através de punição. No entanto, estudos
anteriores mostraram que os chimpanzés, por exemplo, não puniam os egoístas e
trapaceiros, a menos que eles próprios tivessem sido prejudicados diretamente.
Outra Pesquisa
Em outra interessante pesquisa, bebês tão novos quanto 15 meses, idade na
qual eles estão apenas começando a entender a linguagem e se familiarizar com
as suas habilidades motoras recém-descobertas, já compreendem os conceitos de
partilha e de justiça. Os pesquisadores também descobriram que as crianças têm
diferentes “personalidades”, com algumas ficando chocadas pela injustiça e
outros com a partilha igual.
“Essas normas de justiça e altruísmo são mais rapidamente
adquiridas do que pensávamos. Os resultados também mostram uma conexão entre a
justiça e o altruísmo em bebês, de tal forma que as crianças que são mais
sensíveis à repartição justa dos alimentos também são mais propensas a
compartilhar seu brinquedo preferido”, disse a pesquisadora Jessica
Sommerville, da Universidade de Washington, EUA.
Pesquisas também indicam que as crianças são capazes de
entender o altruísmo e reagir de acordo com isso, pois elas estão mais
dispostas a ajudar aqueles que voluntariamente compartilham seus brinquedos.
Para ver quando esses traços de partilha e de equidade começavam a aparecer, os
pesquisadores mostraram vídeos a 47 bebês, de um adulto dividindo ou não
biscoitos ou leite entre dois outros adultos.
Os pesquisadores observaram as reações dos bebês aos vídeos
para o que é chamado de “violação de expectativa”; quando os bebês são
surpreendidos por algo, eles tendem a olhar mais tempo para esse algo. Em
média, os bebês assistiram aos vídeos com a partilha desigual com mais atenção,
mas alguns ficaram mais surpresos do que outros.
A equipe também testou a vontade da criança de compartilhar,
apresentando-lhes dois brinquedos e pedindo que os bebês escolhessem um. Um
pesquisador então se aproximou da criança e perguntou: “Posso ficar com um?”.
Um terço das crianças passou para a pesquisadora o brinquedo que tinham
escolhido, e um terço passou o segundo brinquedo. O terço restante não passou
qualquer brinquedo, o que não significa exatamente que eles não estavam
dispostos a compartilhar, pois eles poderiam estar nervosos em torno de um
estranho, ou não ter entendido a tarefa.
Quando os pesquisadores compararam os resultados das duas
experiências, eles descobriram que os bebês caíram em uma das três categorias.
92% dos bebês que compartilharam seu brinquedo preferido também foram os que
ficaram chocados com a injustiça nos vídeos – eles foram chamados de
“compartilhadores altruístas”.
Das crianças que compartilhavam seu brinquedo favorito, pelo
menos 86% também ficaram chocada com a partilha igual no vídeo, chamado de
“compartilhadores egoístas”. Segundo a pesquisadora, parece que a justiça pode
até ser algo embutido em nossos cérebros; um estudo de 2010 mostrou que os
centros de nosso cérebro reagem a divisão injusta de recompensas monetárias.
Embora a justiça possa ser um conceito arraigado, as nossas
ideias de justiça parecem mudar à medida que envelhecemos. Pesquisas anteriores
mostraram que as crianças parecem gostar que tudo seja dividido igual, mas os
adolescentes mais velhos são mais propensos a apreciar o mérito quando se trata
de dividir a riqueza. Isso poderia ser devido a mudanças no cérebro e adaptação
às experiências sociais.
(Com:LiveScience)
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