(18/09/2016)
Acordo cedo. Levo para a mesa de trabalho algumas anotações, recortes de jornais antigos, dois livros: “Bezerra de Menezes”, uma obra escrita por Canuto Abreu, e “Grandes Espíritas do Brasil”, de Zeus Wantuil, além de um vídeo “Vida e Obra de Frederico Junior”.
Quem é Frederico Junior?
Há anos tenho me ocupado, com interesse e satisfação, em
pesquisar os fatos relacionados com a história do espiritismo no Brasil. Muitos
são os livros, de autores diferentes, à disposição dos estudantes que se
debruçam na busca dos fatos.
Frederico Junior (Frederico Pereira da Silva Junior) foi
um médium importante (dos mais destacados) da história do Espiritismo
Brasileiro.
Frederico Pereira da Silva Júnior nasceu em 1857, no Rio
de Janeiro, durante o segundo reinado, e desencarnou em agosto de 1914, no
final do governo republicano de Hermes da Fonseca.
Assinalo alguns dados do livro “Grandes Espíritas do
Brasil” na parte dedicada à história do Médium Frederico Junior. Faço novas anotações de fatos que sempre são interessantes e por demais importantes para quem gosta de pesquisar esse
intercâmbio entre os dois mundos. Vejo, a seguir, o vídeo/entrevista que conta
muitos relatos de como era o Frederico...
Texto do livro que transcrevo e em seguida o vídeo da
entrevista:
Frederico Junior
Aos 30 de Agosto de 1914, após dolorosa enfermidade,
desencarnava, com a resignação e a confiança do verdadeiro espírita, o célebre
médium brasileiro Frederico Pereira da Silva Junior, cuja vida, como escreveu
Pedro Richard, seu grande amigo e companheiro de 32 anos, “foi muito mais
acidentada e grandiosa do que a de Madame Esperance, contada por ela própria em
seu livro No País das Sombras”.
O primeiro contato dele com o Espiritismo foi em 1878, na
“Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”, aí levado pelo seu
padrinho Luis Antônio dos Santos. Desejava Frederico obter notícias de uma pessoa
querida desencarnada havia algum tempo. Para surpresa geral, ele próprio cai em
transe sonambúlico, influenciado por um Espírito. Data daí a sua iniciação como
médium na mencionada Sociedade.
Convertido, também em 1878, o Doutor Antonio Luis Sayão
ao Espiritismo, pouco tempo depois um ilustre amigo dele, o professor de
Filosofia J. Rodrigues de Macedo, soube, com tristeza, do fato e, talvez com o
objetivo de desmascarar o “embuste”, pediu-lhe para assistir uma sessão
mediúnica. Comparecendo a ela, eis que, por intermédio de Frederico Junior, o
pai do referido professor, falecido havia anos, dirigiu ao visitante uma
saudação afetuosa, em letra firme, caligrafia que foi imediatamente reconhecida
pelo filho, entre emocionado e assombrado.
Quando a “Sociedade de Estudos Espíritas” tomou, em 1879,
rumo puramente cientifico, constituindo-se na “Sociedade Acadêmica Deus Cristo
e Caridade”, dela se desligou um grupo de elementos, entre os quais se achavam
Bittencourt Sampaio, Antonio Luis Sayão e Frederico Junior, e fundaram, em
1880, o “Grupo Espírita Fraternidade”, de orientação evangélica, e que ficou
memorável pelos seus notáveis trabalhos de desobsessão, ali se estudando, nas
sessões ordinárias, o Evangelho de Jesus segundo a Revelação dada a J, B.
Roustaing.
Em 1882, já havia nesta última Sociedade um seleto número
de médiuns, destacando-se Frederico, quer pela variedade de dons mediúnicos,
quer pela extrema dedicação ao trabalho na Seara espírita.
Não apenas ao referido Grupo prestou Frederico a sua
colaboração mediúnica. Em 06 de junho de 1880, o Doutor Antonio Luis Sayão
depois de, em vão, tentar unir, em torno de um mesmo ideal, os membros das duas
Sociedades dissidentes, fundou sob a inspiração do Guia do Espiritismo no
Brasil, um pequeno grupo destinado ao estudo e a prática dos Evangelhos,
conhecido por “Grupo dos Humildes” ou “Grupo Sayão”, mais tarde (quando se
incorporou à Federação Espírita Brasileira) denominado “Grupo Ismael”. Em sua primeira
sessão, no dia 15 de julho de 1880, Frederico Junior atuou como médium, tendo
recebido longa mensagem do elevado Espírito de Ismael, a falar de suas
esperanças ante os novos esforços para a reabilitação do Espiritismo em terras
do Brasil. Desse novo núcleo constam como fundadores, além dos nomes citados,
os seguintes médiuns de ilibada moral: Isabel Maria de Araújo Sampaio, João
Gonçalves do Nascimento, prodigioso médium curador, Manuel Antonio dos Santos
Silva e Francisco Leite de Bittencourt Sampaio. Quase todos eles faziam parte
também do “Grupo Espírita Fraternidade”.
Durante 34 anos Frederico Junior exerceu assiduamente
suas funções mediúnicas no Grupo Ismael, tendo recebido, em 11 de junho de
1914, a sua última comunicação do Além.
Por seu intermédio contam-se centenas de curas de
obsessões, limitando-se, mais tarde, os trabalhos no referido Grupo quase que
somente à doutrinação de poderosos e diabólicos Espíritos, altamente
intelectualizados, chefes de grandes falanges do mal.
Em 1893 o Dr. Antonio L. Sayão dava a público o volume
“Trabalhos Espíritas”, repositório de instrutivas mensagens de Espíritos
elevadíssimos, obtidas no “Grupo Ismael”, em sua maior parte pelo médium
Frederico. Em 1897, mais uma obra organizada por Sayão saía a lume: “Estudos
dos Evangelhos”, que desde a sua segunda edição (1902) ganhou um novo título:
“Elucidações Evangélicas”. A segunda parte deste livro (hoje excluída a fim de
torná-lo acessível à bolsa dos confrades) encerrava quase uma centena de belas
comunicações, todas igualmente recebidas no “Grupo Ismael”, pela mediunidade
sonambúlica de Frederico. “Elucidações Evangélicas” é, em síntese, “um resumo
de Roustaing, com as vantagens de Allan Kardec”. E por ser - segundo as
palavras de Bezerra de Menezes - “uma obra preciosa em que transluzem os
clarões da Verdade”, ela continua a merecer a atenção dos estudiosos do
Evangelho.
Bittencourt Sampaio desencarnara em 1895. Dois anos
depois, o seu sublime Espírito, encontrando em Frederico Junior o instrumento
maleável à expansão dos seus ideais cristãos, começou a ditar, por seu
intermédio, três obras em que sobressaem belíssimas páginas literárias e
doutrinárias e que foram publicadas pela FEB nesta ordem: “Jesus Perante a
Cristandade” (1898), “De Jesus para as Crianças” (1901), e “Do Calvário ao
Apocalipse” (1907). Em todas elas reconhecia-se o mesmíssimo estilo do autor de
“A Divina Epopéia”, apesar de serem ditadas através da boca de um homem
iletrado, que mal conhecia a gramática. Nascera e crescera o médium num meio de
operários, sem recursos e tempo para cursar colégios. Rodeado de boêmios até a
adolescência, jamais se deixou arrastar pelos excessos ou desvios desses
últimos.
Médium passivo por excelência, conseguiam os Espíritos
identificar-se facilmente por ele, e, muitas vezes, antes de terminar a
mensagem, todos os presentes já sabiam qual o autor dela.
Numa apreciação ao primeiro livro ditado pelo Espírito
Bittencourt Sampaio ao médium Frederico, o ilustre político, literato e
publicista Dr. Eunápio Deiró, católico extremado, chamou para o fato a atenção
do bispo da cidade do Rio de Janeiro, nos seguintes termos: “Tome, Senhor
Bispo, cuidado, porque quem conhece o inimitável estilo de Bittencourt Sampaio
não pode deixar de reconhecê-lo neste livro que, da outra vida, veio firmado
pelo próprio Bittencourt Sampaio”.
Bem conhecidas dos espíritas brasileiros, são as
oportuníssimas instruções que o Espírito de Allan Kardec transmitiu no “Grupo
Espírita Fraternidade”, pelo médium Frederico Junior.
Conquanto recebidas em fins do século passado, tais
instruções ainda conservam, perenes, o valor, a importância e a beleza de sua
mensagem, ainda se ajustam perfeitamente aos dias atuais, daí estarem até hoje
no opúsculo “A Prece”, de Allan Kardec, incluídas que foram pela Federação
Espírita Brasileira.
Frederico Junior era um bom, querido de todos, sendo
muitos os que lhe deviam gratidão por um que outro serviço, e, como funcionário
público, estimadíssimo pelos seus colegas. “Era de um desprendimento e
dedicação verdadeiramente evangélicos” - afirmou Pedro Richard, acrescentando:
“Frederico não podia parar em casa, com o sentido nos seus doentes. Logo ao
amanhecer saía de sua residência para visitar os enfermos. E nisso estava o seu
maior consolo e o seu bem-estar”.
Com graves responsabilidades no meio espírita, grande era
sobre ele o assédio dos aborrecidos da Luz, que do outro plano da vida o
perseguiam tenazmente. “Ele só por si” - escreveu Pedro Richard - “constituía
um exercito que assombrava as falanges inimigas da Luz, e por isso mesmo era o
alvo predileto das setas venenosas dos adversários de Jesus. Até da pouca
benevolência de confrades foi Frederico Junior vítima, máxime dos que muito
exigem dos outros, mas que nada, ou quase nada produzem”.
Nos últimos dez anos de existência terrena, mais intensa
e persistente foi a perseguição que lhe moveram do Espaço, por vezes ficando
ele totalmente subjugado. Certa vez, os Espíritos das Trevas tentaram até
incendiar-lhe a casa. E graças aos seus Guias protetores e ao Espírito de sua
primeira esposa, Frederico não sucumbiu ao suicídio.
A tuberculose pulmonar acompanhou-o nos derradeiros anos
de vida. Sem uma queixa e achando justo o seu sofrimento, o prodigioso médium
purgava as faltas de encarnações passadas, remindo assim o seu Espírito.
Pressentindo, afinal, o seu desenlace, reuniu a família
e, após pronunciar sentida prece, fechou os olhos ao mundo em sua residência à
Rua Navarro 121, aos 56 anos de idade, sendo sepultado no Cemitério de São
Francisco Xavier (Caju).
Foi assim que partiu para a Espiritualidade o grande
médium Frederico Pereira da Silva Junior, que, servindo à Federação Espírita
Brasileira, através do “Grupo Ismael”, tantos benefícios espalhou por toda a
parte, fazendo jus, portanto, à página com que lhe recordamos a passagem por
este planeta de provas e expiações.
Assista ao vídeo - Vida e Obra de Frederico Junior
Obrigado
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