quarta-feira, 17 de maio de 2017

O DESCASO COM O NOSSO IDIOMA É NOTÓRIO


Nelson Valente

É preocupante a falta de conhecimento de diversos profissionais de diferentes áreas em relação à Língua Portuguesa. Alegam essas pessoas que a simples troca de um Z por um S não muda o valor de uma petição advocatícia, a receita de um médico ou, ainda, o relatório de um administrador. Puro engano: um texto mal escrito abala a imagem do profissional que o escreve e, sem dúvida, desqualifica o trabalho.

Infelizmente, o descaso com o nosso idioma é notório. Além disso, há o desprezo pelas regras gramaticais e ortográficas, como se houvesse um desejo recôndito de prestigiar a ignorância. Não se quer exagerar os cuidados com a norma culta da língua, mas por que valorizar o linguajar sem regras?

Devemos ter cuidado com o que se fala e com o que se escreve, pois a nossa imagem está sendo sempre avaliada. A proliferação de “houveram”, “menas”. “hs” (para responder horas), mts (para abreviar metro), o uso da 2ª pessoa para o pronome V.Sa. e as constantes derrapadas na concordância verbal, parecem um festival de mau-gosto. Entre as incorreções que destoam no uso da língua, são frequentes pequenos descuidos, até perdoáveis, mas há casos de barbarismo contra a pureza da língua nos aspectos sintáticos, regenciais, ortográficos, sem falarmos de troca tão comum de tratamento, como também de organização ilógica de ideias, o que acarreta, frequentemente, ambiguidades e interpretações errôneas de pensamento. O perigo é a perpetuação desse hábito.

Nossos estudantes leem pouco, consequentemente quando têm que escrever “a sério” o desastre é inevitável. Crase, vírgula, ponto é vírgula são elementos indispensáveis da língua portuguesa. São muitas regras, é verdade, mas não há como fugir da sua aplicação. Por exemplo: separar o sujeito do verbo com uma vírgula é “pecado capital”.

A compreensão desse fato enseja uma profunda mudança no ensino do Português, sabendo-se, entretanto, que é o povo que faz a língua.

Pode-se concluir que a leitura liberta e leva a conhecer melhor o mundo, o outro e a si mesmo. A linguagem manifesta a liberdade criadora do homem.

Nelson Valente é professor universitário, jornalista e escritor

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