Nelson Valente
É preocupante a falta de conhecimento de diversos
profissionais de diferentes áreas em relação à Língua Portuguesa. Alegam essas
pessoas que a simples troca de um Z por um S não muda o valor de uma petição
advocatícia, a receita de um médico ou, ainda, o relatório de um administrador.
Puro engano: um texto mal escrito abala a imagem do profissional que o escreve
e, sem dúvida, desqualifica o trabalho.
Infelizmente, o descaso com o nosso idioma é notório.
Além disso, há o desprezo pelas regras gramaticais e ortográficas, como se
houvesse um desejo recôndito de prestigiar a ignorância. Não se quer exagerar
os cuidados com a norma culta da língua, mas por que valorizar o linguajar sem
regras?
Devemos ter cuidado com o que se fala e com o que se
escreve, pois a nossa imagem está sendo sempre avaliada. A proliferação de
“houveram”, “menas”. “hs” (para responder horas), mts (para abreviar metro), o
uso da 2ª pessoa para o pronome V.Sa. e as constantes derrapadas na
concordância verbal, parecem um festival de mau-gosto. Entre as incorreções que
destoam no uso da língua, são frequentes pequenos descuidos, até perdoáveis,
mas há casos de barbarismo contra a pureza da língua nos aspectos sintáticos,
regenciais, ortográficos, sem falarmos de troca tão comum de tratamento, como
também de organização ilógica de ideias, o que acarreta, frequentemente,
ambiguidades e interpretações errôneas de pensamento. O perigo é a perpetuação
desse hábito.
Nossos estudantes leem pouco, consequentemente quando têm
que escrever “a sério” o desastre é inevitável. Crase, vírgula, ponto é vírgula
são elementos indispensáveis da língua portuguesa. São muitas regras, é
verdade, mas não há como fugir da sua aplicação. Por exemplo: separar o sujeito
do verbo com uma vírgula é “pecado capital”.
A compreensão desse fato enseja uma profunda mudança no
ensino do Português, sabendo-se, entretanto, que é o povo que faz a língua.
Pode-se concluir que a leitura liberta e leva a conhecer
melhor o mundo, o outro e a si mesmo. A linguagem manifesta a liberdade
criadora do homem.
Nelson Valente é professor universitário, jornalista e
escritor
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