Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.
Um relatório da Organização Internacional para Migrações,
OIM, alerta que muitas mulheres nigerianas, que chegam à Itália pelo mar, estão
sendo vítimas de tráfico sexual.
No documento, divulgado em Roma nesta sexta-feira, a OIM
revela que o número de casos potenciais de tráfico humano para fins sexuais
aumentou quase 600%. A tendência continuou no primeiro semestre deste ano.
Dados
E de acordo com a agência, muitas vítimas são meninas e
menores de idade.
A OIM analisou o tráfico da rota central do Mediterrâneo.
Segundo o relatório, o abuso dessas meninas já começa durante a viagem para a
Europa.
A agência estima que 80% das vítimas sejam da Nigéria. Os
dados foram coletados nos locais de registros e centros de recepção desses
migrantes no sul da Itália.
O diretor da OIM para o Mediterrâneo, Federico Soda,
disse que o tráfico de seres humanos é um crime transnacional que arrasa a vida
de milhares de pessoas e causa um sofrimento indescritível.
Solo italiano
Já a gerente de projetos Carlotta Santarossa afirma que o
relatório demonstra as dificuldades de proteger as vítimas e as fragilidades
que foram identificadas ao analisar vários casos tratados pela OIM.
O pessoal da agência atuando na Sicília e outras áreas é
o primeiro ponto de contato das vítimas de tráfico humano assim que eles pisam
em solo italiano. Com isso, a OIM obtém um lista de indicadores.
A maioria das migrantes vítimas desse tipo de crime tem
entre 13 e 24 anos. As meninas vêm do estado Edo, mas também de outras partes
da Nigéria como Delta, Lagos, Imo e outros.
Entrevista
As vítimas de tráfico humano para fins sexuais são as
mais silenciosas e submissas.
Algumas vezes, elas parecem estar controladas por
outros migrantes que falam por elas ou se recusam a deixá-las a sós para a
entrevista com o pessoal da OIM.
A maioria das vítimas também não quer revelar a
experiência do abuso ou participar de programas de segurança oferecidos pela
agência.
Muitas mulheres têm medo de retaliação por parte dos
traficantes à família que ficou na Nigéria ou de crenças com rituais de vodu.
Muitas vítimas aparentam sinais de traumas e de distúrbios psicológicos.
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