SÃO PAULO - A um mês do prazo estipulado para entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR) evidências comprobatórias das delações feitas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, um conjunto de documentos incluindo planilhas, comprovantes bancários, notas fiscais frias, contratos fraudulentos e contas secretas no exterior mostram que a empresa destinou R$ 1,1 bilhão em propinas a políticos ou empresas indicadas por políticos entre 2006 e 2017.
Desse volume, segundo reportagem da revista Época, que
obteve acesso ao conjunto de papéis, R$ 301 mil ocorreram em dinheiro vivo e R$
395 mil por meio de empresas indicadas por políticos e R$ 427,4 milhões em
doações oficiais.
Do papelório, emergem provas como recibos de pagamentos
fraudulentos a empresas indicadas à JBS, durante a campanha eleitoral de 2010,
pelo então candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB) ou do candidato a
presidente José Serra (PSDB). Ou extratos das duas contas mantidas nos EUA, com
saldo de US$ 150 milhões, para financiar a campanha da candidata à reeleição
Dilma Rousseff (PT) e dos partidos que se aliaram a ela.
Há também novidades, segundo a revista. Provas do
pagamento de US$ 1 milhão ao ex-ministro Antonio Palocci por meio de conta nos
EUA. E pagamentos em dinheiro a políticos que fazem parte do atual governo,
como Eunício de Oliveira, presidente do Senado, e aos ministros Bruno Araújo,
Gilberto Kassab, Helder barbalho e Marcos Pereira. Kassab teria recebido, até o
ano passado, cerca de R$ 18 milhões.
De acordo com a reportagem, o acervo demonstra que a JBS
não fazia distinção entre os partidos. Não existia um "corte
ideológico", o valor do político era proporcional à capacidade de
proporcionar benefícios à empresa. Em estados como Ceará, Mato Grosso do Sul e
Santa Catarina, onde a empresa tinha mais interesses comerciais, o volume de
dinheiro distribuído era proporcionalmente maior.
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