quarta-feira, 2 de agosto de 2017

BRASIL NA ENCRUZILHADA


Pedro Luiz Rodrigues

O que estará em jogo, a partir de hoje, na Câmara dos Deputados, é muito mais do que o mero destino pessoal e político do presidente Michel Temer.

O fulcro da questão é outro: é o destino do Brasil, um país que embora reúna as condições para se tornar próspero, faz de tanto em tanto, incompreensível opção pelo retrocesso.

Impressiona e entristece essa nossa incapacidade de escapar desse ciclo de sístoles e diástoles, onde etapas de êxtase dão lugar a outras de desalento, que têm marcado nossa trajetória política e econômica nos últimos duzentos anos.

Os brasileiros, historicamente esperançosos, vão se tornando céticos, diante da interminável sucessão de desvios éticos, morais e financeiros.

Das arquibancadas, perplexos, assistimos nossos políticos mais uma vez tratarem o destino da Nação com visão míope e interesseira.

Para ele, o Brasil não passa de bola murcha, em jogo de várzea em dia de chuva, onde sobram caneladas e baixarias de todo gênero, com os jogadores enchafurdados em lama; ausentes árbitro ou bandeirinhas.

Hoje é o dia em que a Câmara de Deputados começa a decidir se autoriza que Michel Temer seja investigado por corrupção, ou se arquiva a acusação contra ele apresentada pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Se 342 deputados decidirem pela autorização, o Presidente segue direto para o banco de reservas, passando a faixa de capitão para Rodrigo Maia. Se não autorizarem, tudo fica como está, e Temer conduz o time até o ano que vem.

O Partido dos Trabalhadores, ele próprio envolto em lama até o pescoço, busca apresentar-se à sua torcida como representante da moral e dos bons costumes. Seu objetivo é o de arrastar enquanto puder o processo de votação, para dar a Janot tempo para que entre com uma segunda denúncia contra Temer, desta feita por obstrução à Justiça e associação ilegal.

O líder do PT na Câmara, o deputado Carlos Zarattini, acredita que se Janot entrar com uma segunda acusação, aumentaria o constrangimento dos parlamentares dispostos a votar em favor de Temer.

Zarattini, do PT de São Paulo, cabe lembrar, é o mesmo incluído em dois inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeição de receber dinheiro grosso da Odebrecht (R$5 milhões), para sua campanha eleitoral.

Temer também não é um santo, nem desfruta de apoio popular, como bem demonstram os resultados da maisrecente pesquisa de opinião pública encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Os números da pesquisa refletem a impopularidade de medidas tomadas com vistas ao reequilíbrio fiscal do País, além das reformas trabalhista, já sancionada, e da previdenciária, que ainda se discute no Congresso.

Ajustes são sempre dolorosos. Mas não há outro caminho para um país cuja economia foi praticamente destroçada pela irresponsabilidade e incompetência dos governos petistas. O exemplo da Venezuela demonstra isso com toda clareza.

Caso Temer seja afastado, resta saber de Rodrigo Maia, terá a força e a disposição políticas de manter a economia do País no caminho da recuperação que já se observa: a taxa básica de juros caiu recentemente para 9,25%, pela primeira vez em quatro anos que se posiciona abaixo dos dois dígitos. A taxa de desemprego, por sua vez, registrou o primeiro declínio nos últimos cinco anos. A inflação, por seu turno, voltou a níveis civilizados.

Para o PT a melhor solução para a presente crise será obviamente aquela que beneficie a agremiação: que se danem o governo e os partidos que lhes dão sustentação. Que se dane o Brasil, sua economia e o progresso. Só têm uma idéia fixa: Lula de volta à Presidência.

Sonho de uma noite de verão. Não acontecerá. O povo foi tapeado uma vez, não o será novamente.

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