Leia matéria completa abaixo:
Senadores cobram Jair Bolsonaro sobre texto contra o Congresso
Senadores fizeram nesta terça-feira (21) duras críticas à maneira como o governo do presidente Jair Bolsonaro se relaciona com o Congresso. Além de apontar a falta de articulação, eles cobraram esclarecimentos sobre um texto compartilhado pelo presidente, segundo o qual o Brasil é “ingovernável fora de conchavos políticos”. Para os senadores, o presidente precisa apontar nomes em vez de jogar uma suspeita sobre todo o Congresso Nacional.
A discussão sobre o tema durante a ordem do dia começou
quando o senador Omar Aziz (PSD-AM) manifestou a intenção de enviar um
requerimento aos ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria de
Governo, General Santos Cruz, para que esclarecessem as acusações. O senador se
queixou de ataques sofridos nos meios de comunicação por aliados do presidente,
que não aceitam críticas. Para ele, Bolsonaro precisa falar.
— Presidente, Vossa Excelência tem a obrigação de dar os
nomes dos parlamentares que o estão chantageando, porque o senhor está
prevaricando ao esconder os nomes e prevaricar é crime. É crime principalmente
para um chefe de nação, que não pode ser chantageado, que não pode ser acuado,
porque ele governa para todos — cobrou Aziz, salientando que tem procurado
ajudar o presidente, mesmo quando manifesta discordância.
O senador sugeriu que no próximo domingo (26), nas
manifestações marcadas a favor do governo, a população cobre os nomes dos
parlamentares que estariam chantageando o governo.
Na última segunda-feira (20), o senador Jorge Kajuru
(PSB-GO) já havia que apresentado à Mesa do Senado um requerimento de
esclarecimentos ao ministro chefe da Casa Civil sobre o mesmo texto
compartilhado por Bolsonaro.
Oposição
Vários parlamentares se manifestaram em apoio a Omar Aziz.
Além de apoiar o discurso do colega, o senador Otto Alencar (PSD-BA) respondeu
ao líder do governo, senador Fernando Coleho Bezerra (MDB-PE), que negara a
convocação do presidente da República para manifestações contra o Congresso.
Otto afirmou que a Casa precisa cobrar um posicionamento do governo e fez uma
lista de 14 declarações feitas e depois desmentidas por Bolsonaro. Ele disse
que a culpa das principais crises ocorridas neste ano é do próprio governo.
— Ninguém aqui é culpado pela exoneração do ex-ministro da
Educação, Ricardo Vélez; pela crise de Bebianno [ex-ministro da
Secretaria-Geral da Presidência]; pelos problemas entre Olavo de Carvalho e o
Exército. A tormenta que tem acontecido no Palácio do Planalto é gestada no
próprio Palácio do Planalto ou por seus assessores — afirmou.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que os parlamentares não podem aceitar que o governo coloque a população contra o Poder Legislativo ou contra qualquer outro Poder da República. Ele lembrou que todos os parlamentares foram eleitos pela população e que as vozes divergentes precisam ser respeitadas.
Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), tanto o presidente quanto alguns ministros e aliados têm sido infelizes nas declarações.
— O governo é quem dá o ritmo da orquestra, é o maestro. E,
quando o maestro encaminha o tom para a orquestra tocar no ritmo errado, tudo
começa a desandar — advertiu, referindo-se às dificuldades na articulação do
governo na Câmara dos Deputados.
Demandas
Já o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) elogiou os colegas e
disse ter se surpreendido positivamente com o equilíbrio e a experiência dos
senadores. Ele se colocou à disposição para dialogar e levar demandas legítimas
dos parlamentares ao governo.
— Eu sou testemunha de que, pelo menos, aqui no Senado, há
vontade construtiva de grande parte dos senadores, e de que nunca recebi de
ninguém aqui um pedido que não fosse publicável ou que não fosse republicano —
declarou.
Mesmo com a fala de Flávio Bolsonaro, senadores continuaram
a criticar a postura do presidente. O senador Alessandro Vieira (PPS-SE) disse
que é preciso ter clareza se o combate à corrupção é uma bandeira de campanha
ou prática efetiva do governo. A "incompetência" do governo foi apontada
por Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse considerar que o
chefe de governo precisa ser uma figura pacificadora, que unifique o país e não
aprofunde as divergências, como a seu ver tem feito Bolsonaro.
— Em cinco meses, o governo cultivou crises e recuos,
demonizou a imprensa, deu vexames internacionais e demonstrou inaptidão para o
cargo. A lógica da Presidência não pode e não deve ser o confronto entre os
Poderes. Governos não são feitos para entrarem em tempestades e fortes
tormentas — disse Renan.
Defesa
O líder do governo, Fernando Bezerra ressaltou seu
compromisso e do presidente da República com a democracia e afirmou que os
desafios são grandes. Para o senador, não há como cobrar que em cinco meses de
governo haja uma base de apoio definida no Congresso. Ele contestou as falas
que apontam a falta de uma agenda por parte do Executivo.
— A sociedade
brasileira sabe, o Congresso sabe que essa crise [econômica] não é pequena e
nem foi gestada pelo atual governo — argumentou.
Segundo ele, o governo está enxugando a máquina pública e
tentando resolver, por exemplo, o problema da Previdência Social e de
equilíbrio do pacto federativo. Ele pediu compreensão aos colegas e reconheceu
que as lideranças da oposição têm demonstrado boa vontade com as pautas de
interesse do país. E negou que o presidente tenha convocado manifestações.
Mais críticas
Após a fala do líder, Rose de Freitas (Pode-ES) fez duras
críticas ao governo. Para ela, o presidente diz "frases insossas,
incoerentes e sem nexo". Para ela, Bolsonaro nomeia ministros incapazes de
cumprir suas funções e escolhe líderes incompetentes para o diálogo.
— Não atravessei esses mandatos todos encontrando um
cenário tão ridículo como esse. Na hora de trabalhar, lá vem uma postagem. Na
hora de debater, lá vem uma ironia. Na hora de conversar, lá vem uma
provocação. Precisamos mudar esse quadro — criticou a senadora, que pediu ao
presidente da Casa, Davi Alcolumbre, que cobre um posicionamento do governo para
que o Congresso tenha "paz para trabalhar".
Já o senador Weverton (PDT-MA) afirmou que desde o início
do governo não se viu a oposição procurar obstruir ou impedir as votações na
Casa. Ele também atribuiu as dificuldades do governo aos seus próprios erros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.