quinta-feira, 3 de julho de 2025

Os cofres falam mais alto que o povo no Maranhão? - Artigo de Simplício Araújo


Os cofres falam mais alto que o povo no Maranhão?

Por Simplício Araújo

01 de julho de 2025

Há duas questões centrais que hoje impedem uma aliança real entre o governador Carlos Brandão e o vice-governador Felipe Camarão. Ignorar isso é, no mínimo, ingenuidade — ou conveniência política muito bem paga.

Eu até queria escrever este fim de semana sobre o cenário político mais amplo do Maranhão. Mas é impossível desviar os olhos do cabo de guerra que se instalou dentro da própria base governista. O estica e puxa entre os grupos de Brandão e Camarão tomou proporções públicas demais para ser ignorado.

O primeiro problema é fácil de perceber. Mesmo uma criança vê que os grupos que cercam o governador e o vice entraram em estado de alerta. Afinal, o governo termina no próximo ano, e muitos já começam a ver suas cadeiras balançando.

De um lado, os aliados de Brandão adotam o discurso do confronto. Querem manter seus espaços, cargos, contratos e, de quebra, lançar candidaturas a deputado estadual ou federal. Já o grupo de Camarão, embora deseje o mesmo, não pode defender a ruptura de forma aberta. O risco de perder o que já têm é grande demais.

Vale lembrar que os meios de comunicação — rádios, jornais, blogs e TVs — e empresas de pesquisas também orbitam essa disputa. Fazem contorcionismos diários para sustentar ora a paz (favorável ao vice), ora o conflito (preferido pelos brandonistas), dependendo de onde vem o pagamento. Não importa se o preço disso é o fim da carreira política de Brandão: para alguns aliados, isso é um detalhe menor diante da possibilidade de manter poder, influência e recursos.

Alguns, mais apressados, já partiram para o ataque. Tentam colar em Camarão a pecha de inexperiente, dizem que ele foi imposto por acordos passados, não quer fazer acordos para 2026 e usam isso como desculpa para negar apoio a uma eventual candidatura.

Mas tudo isso revela, na verdade, um segundo problema ainda mais grave. Em nenhum momento a discussão gira em torno do que é melhor para o Maranhão. Não se discute quem tem preparo técnico, biografia limpa e capacidade de governar bem. O foco não é o estado, é o controle da máquina.

O Palácio dos Leões, hoje, parece ter uma única prioridade: manter o poder a qualquer custo. E é aí que mora o perigo. Um ambiente onde pesquisas são financiadas para simular cenários, veículos de imprensa reproduzem ficções convenientes e a estrutura do estado é colocada a serviço de um único objetivo: manter tudo como está, dentro de um mesmo círculo familiar e político.

É esse o cenário que está se montando — e poucos têm coragem de dizer em voz alta. Mas perguntar não ofende: sem o apoio dos cofres públicos, será que o sobrinho do governador se elegeria sequer vereador em Colinas?


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.

Busca