*Américo Domingos Nunes Filho
O homem é o único ser que consegue perceber o microcosmo
dentro de si mesmo e, ao mesmo tempo, cada vez mais amplia seu conhecimento,
constatando a magnitude e complexidade desse mundo infinitamente minúsculo. Até
o final do século XIX, achava-se que o átomo era indivisível, conceito já
explanado, em primeira mão, pela vetusta filosofia grega, em torno do século V
(A.C.), através dos sábios Leucipo e Demócrito.
Na caminhada de descobrimento do muitíssimo pequeno,
através do revolucionário microscópio de varredura por efeito túnel (scanning
tunnelling microscope ou STM), surgiu a nanotecnologia, com seus objetos de
estudo aferidos em nanômetros — um milhão de vezes menor que um milímetro, com
a visão surpreendente da vida em dimensão extremamente diminuta, podendo os
cientistas visualizar e manusear os átomos, constatando que, ao mesmo tempo, os
elétrons se comportam como partículas e como ondas, fenômeno perfeitamente
compreensível e aceitável pela física quântica; contudo, inadmissível para a
física clássica.
Há décadas os cientistas vêm percebendo que muito do
comportamento dos prótons e nêutrons, situados no núcleo do átomo, poderia ser
explicado se os mesmos possuíssem algum tipo de estrutura interna, constituída
de partículas ainda menores. Daí surgiu
a existência dos quarks, léptons e bósons, os quais seriam componentes de uma
grande e enigmática teia, trocando partículas entre si e gerando força.
Apresentando algum tipo de estrutura, eles podem
igualmente ser constituídos de componentes ainda menores e estar, então,
conectados, interrelacionados e subordinados talvez à uma força extremamente
poderosa que a ciência, no estado atual, ainda não pôde catalogar. Com o
decorrer das experiências científicas, certamente a dimensão extrafísica do
homem será descortinada e proclamada pelos sábios diante de suas Sociedades,
Associações e Academias.
Nesse sublime instante, o Mestre Jesus passará a reinar
para sempre nos corações humanos, sendo ele a prova viva da presença do
espírito imortal, com sua vestimenta ultraenergética, saturada de
incomensuráveis energias, resultantes de incalculável intercâmbio de vigorosas
e plenas partículas, situadas nas dimensões do Infinito e artífices das
catalogadas hodiernamente pela ciência terrena no mundo subatômico.
O microcosmo é o mundo do homem consciente, visualizando
o Universo, o macrocosmo, e se sentir integrado nele, correspondendo-se entre
si. Em verdade, nós navegamos pelo macrocosmo, em uma embarcação, constituída
de ferro, pedra e água, iluminada por uma estrela de 5ª grandeza, o Sol.
Nessa morada, planeta Terra, desenvolvemos muitos
potenciais e nos preparamos para despertar cada vez melhor, na dimensão
espiritual, e poder desbravar paulatinamente o macrocosmo, porquanto é
impossível viajar pelo Universo, na vivência física, diante da marcante
fragilidade humana. Através das existências sucessivas e com o aprimoramento
espiritual, nos tornamos aptos a compreender o Universo e poder habitá-lo
gradativamente, desde uma esfera inferior até às superiores, até granjearmos,
em definitivo, “olhos para ver” e “ouvidos para ouvir” (Mateus 11:15).
Segundo o conhecimento científico, o macrocosmo começou
por ser microcosmo, quando se formaram as mais leves partículas fundamentais da
matéria, como o elétron, cerca do primeiríssimo segundo após a grande explosão
(big-bang), no que se presume seja a origem do Universo. Em verdade, o
microcosmo corresponde à miniatura dele. É possível que ele, tão grandioso e
infinito para o homem, possa ser, além dos buracos negros, também um microcosmo
de algo ainda de maior grandiosidade que ele mesmo.
O microcosmo é o mundo do átomo, com seus incomensuráveis
elétrons e o núcleo inundado de energia, enquanto o macrocosmo é o mundo
incomensurável das galáxias, estrelas, planetas e corpos celestes.
Hermes Trimegisto, que viveu no Egito antigo, em torno de
2700 A.C., considerado o pai da Ciência Oculta, o fundador da Astrologia e o
descobridor da Alquimia já dizia que “o que está em cima é como o que está
embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima”.
Tanto o homem das ciências astronômicas, quanto o
cientista do mundo subatômico, certamente penetra em dimensões situadas além da
nossa compreensão. No microcosmo, milhões de células com seus núcleos revelando
uma infinidade de genes e mais profundamente um universo em miniatura com um
número astronômico de átomos, gerando possante energia e com os elétrons, assim
como os corpos celestes, girando efusivamente em volta do núcleo.
Já no macrocosmo existem centenas de bilhões de galáxias,
tendo a probabilidade de haver, em cada uma delas, uma centena de bilhão de
estrelas. No Universo presume-se haver dez bilhões de trilhão de planetas,
corroborando o ensinamento do Mestre de todos nós: “Na casa de meu Pai há
muitas moradas...” (João 14:2).
As dimensões do Cosmos são realmente incomensuráveis. As
distâncias são medidas através da velocidade da luz. Um raio luminoso percorre
por segundo cerca de 300.000 quilômetros. Em um ano, a luz atravessa cerca de
dez trilhões de quilômetros, o que corresponde a uma unidade de comprimento
chamada de ano-luz. Do Sol ao centro da Via-Láctea são 30.000 anos-luz.
Certamente, ao lado das teorias e equações revelando a
grandiosidade do micro e macrocosmo, encontramos indícios de uma mente
superior, “causa inteligente de todas as coisas”, a quem Jesus chama de “Meu
Pai” e o Evangelho define como “Amor”. Em verdade o microcosmo e o macrocosmo
espelham, em sua complexidade, beleza e harmonia, a existência de uma
“Inteligência” que não pode ser atribuída ao acaso, ao nada.
É de pasmar o progresso obtido pela ciência,
principalmente, quando vivemos numa esfera insignificante do Universo, num
pequenino ponto planetário, localizado em uma sombria esquina da nossa galáxia.
O nosso orbe, dentro do Sistema Solar, é um dos menores. Em relação à
Via-Láctea, que é apenas uma galáxia diante de bilhões de outras, a Terra não
passa de um pequeníssimo cisco de rocha e metal, com seu diâmetro menor que a
centésima parte do Sol.
O macrocosmo e o microcosmo são frutos do pensamento e da
ação do Criador, uma obra planejada e executada pelo Grande Geômetra do
Universo. O espaço diminuto, abrangendo turbilhão de átomos, e o Espaço Sideral
tiveram uma formação causal, nunca casual. Enfatizam os instrutores da dimensão
espiritual: “Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente?
E, demais, que é o acaso? Nada” (Q. 8 de “OLE”). Allan Kardec, complementando o
assunto, diz, com muita sabedoria: “A harmonia existente no mecanismo do
Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo,
revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é
insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a
inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso”.
O estimado confrade Divaldo Pereira Franco, no livro
“Moldando o Terceiro Milênio”, diz: “Na Via-Láctea, e para além dela, miríades
de astros e de focos estelares desafiam o olhar perquiridor das profundezas
celestes. Que serão aqueles rincões celestes distantes? Serão outros tantos
teatros de evolução e renovação, criados pelas mesmas e eternas leis cósmicas?
Uma perfeita harmonia preside a marcha e o equilíbrio desses milhões de mundos
longínquos, movendo-se sob a direção do Grande Geômetra do Universo. A simples
contemplação desses fantásticos mundos siderais é permanente lição de
humildade, ante tão indescritível cenário submetido aos desígnios do Criador de
todas as coisas”.
Em verdade, a maior prova da presença da Divindade é a
possibilidade do microcosmo dentro de cada criatura terrestre poder contemplar
a abóboda celestial, à noite, e penetrar em uma dimensão tão complexa e
enigmática, onde se movem bilhões e bilhões de astros, expressão segura de um
transcendental Ser Superior. O microcosmo, ligado ao macrocosmo, em verdade
representa uma coisa só, um em miniatura e o outro infindável. Realmente,
“somos deuses” (João 10:34) e o “Reino de Deus está dentro de nós” (Lucas
17:21), segundo o ensinamento de um Mestre que já conquistou a plenitude
cósmica: O excelso mensageiro de Deus que “se fez carne e habitou entre nós”
(João 1:14).
Assim como Jesus conseguiu conquistar a perfeição, todos
nós, diante do Infinito, viajando no veículo da imortalidade, igualmente a
granjearemos. Então, estaremos aptos a compreender o micro e habitar o
macrocosmo. Tudo realmente tem uma causa e fomos criados para a ventura eterna
por um Ser, definido, no Espiritismo, como “Inteligência Suprema, Causa
Primária de todas as coisas” (OLE nº 1) e que se remonta à Eternidade.
*Américo Domingos Nunes Filho é pediatra, escritor, conferencista e pesquisador espírita
brasileiro.
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